Sobre a Importância das Humanidades na Engenharia - Entrevista do professor Gildo Magalhães
Sobre a Importância das Humanidades na Engenharia - Entrevista do professor Gildo Magalhães para o canal Engenharia em Perspectiva
Sobre a Importância das Humanidades na Engenharia - Entrevista do professor Gildo Magalhães para o canal Engenharia em Perspectiva
O III Congresso USP de História da Ciência e Técnica, organizado pelo Instituto de Estudos Avançados e pelo Centro de História da Ciência da USP, terá como tema Diálogos e Fronteiras e será realizado nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 2023 no campus Butantan da Universidade de São Paulo. O congresso visa discutir a historicidade das atividades científicas e técnicas, em diálogo com a sociedade. O alcance das atividades científica e técnicas é cada vez mais extraordinário, mas a divulgação e acessibilidade aos resultados não são satisfatórias. A história por trás desse desenvolvimento mostra a necessidade de transpor fronteiras e colocar a ciência e técnica em diálogo com outras áreas de conhecimento.
LANÇAMENTO DE LIVROS
Estão previstos os lançamentos dos seguintes livros em 9/11/23 às 17:00
Entre distopia, metafísica e mecenato - Vanete Santana-Dezmann
Robôs e Inteligência Artificial nas Telas. Tecnociência, Imaginário e Política e na Ficção - Lívia de Pádua Nóbrega
Spaces and Ideas. An Overview of the Entangled German "Begegnung" with Brazil - Vários Autores
Athenas do Sul de Minas: Entre a Memória e a História da Educação de Campanha - 1870/1930 - Vera Lúcia do Lago Souza
"Meu caro Einstein" e outras histórias da ciência e da técnica - Gildo Magalhães
Programação
Caderno de resumos Mapa do Instituto Butantan
Circulares
Acesse aqui as circulares para informações mais detalhadas sobre submissão de trabalhos; inscrições e taxa:
3ª Circular - Diretrizes para formatação de pôsteres
Organização
Grupo de Pesquisa Khronos: História da Ciência, Epistemologia e Medicina (IEA/USP)
Centro Interunidade de História da Ciência (CHC/USP)
Comissão Científica
Flavio Ulhoa Coelho (IME/USP)
Gildo Magalhães dos Santos (CHC/USP)
João Cortese (IB/USP)
Joao Francisco Justo Filho (EP/USP)
Lilian Al-Chueyr Pereira Martins (FFCLRP/USP)
Nilda Nazaré Pereira Oliveira (ITA)
Olga Fabergé (IB)
Sara Albieri (FFLCH/USP)
Sueli Susana de Godoi (IO/USP)
Comissão Organizadora
Adriana Casagrande de Luca – CHC/USP
Claudia Regina Nobrega Pereira – IEA/USP
Gustavo Antonio de Carvalho – CHC/USP
Secretaria do Congresso (chciencia@usp.br)
Exposição sobre a jornada do primeiro homem a fazer uma comunicação de voz e música a distância por meio de ondas de rádio. Roberto Landell de Moura, padre cientista brasileiro, inventou o rádio e projetou a TV sem qualquer apoio para os seus projetos. Hoje ele ainda é pouco reconhecido.
O conferencista Hamilton Almeida é um dos curadores da exposição "Padre Landell: o homem que inventou o futuro", em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS) até 16 de abril, em São Paulo.
Expositor: Hamilton Almeida (Jornalista e biógrafo)
Mediação: Gildo Magalhães dos Santos Filho (CHC e IEA/USP)
Inscrições: Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização: Grupo de Pesquisa Khronos: História da Ciência, Epistemologia e Medicina
Apoio: CHC - Centro Interunidade de História da Ciência
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo
Convidamos autoras e autores para submissão de textos de fluxo contínuo, temas diversos sobre História da ciência e técnicas, para o próximo número semestral da Revista.
Prazo para submissões: 30/06/2023.
Normas para submissão:
A propósito das traduções em História da Ciência e da Técnica
Apesar de um número crescente de nossos leitores conseguirem ler artigos em outra língua além do português, ainda há barreiras para um entendimento mais completo se não houver uma boa tradução. Os programas de pós-graduação têm contribuído para que esforços sejam dispendidos para a leitura pelo menos em inglês, mas na prática das aulas de graduação e pós-graduação pode-se verificar que apenas uma parte do conteúdo naquele idioma é assimilável pela maioria dos alunos.
Por outro lado, as editoras comerciais pouco investem neste campo. Quando o fazem, muitas vezes não se apercebem de que certas obras são da área de história da ciência e da técnica, e que há um mercado não desprezível para isso, mesmo quando as edições rapidamente se esgotam, como aconteceu por exemplo com Galileu Herético, de Pietro Redondi, ou Histórias de Autômatos, de Mario Losano. Creio que esta deficiência é, pelo menos em parte, devida à baixa institucionalização da História da Ciência e da Técnica em nosso meio acadêmico. De fato, poucas vezes se encontra esta disciplina nas grades formativas da graduação em História ou em outros cursos no Brasil.
Há também a considerar a escassez de traduções dos clássicos da ciência. Algumas editoras universitárias, como as da UNESP e da UNICAMP, têm contribuído para preencher esta lacuna. Temos um punhado de obras consagradas e cuja tradução ainda é relativamente recente, como Os Elementos, de Euclides, ou O Mundo/O Homem, de Descartes, e História Natural, de Buffon. Mas há muitas outras obras a traduzir, cujo conhecimento ainda é capaz de provocar reflexões ricas e inclusivamente de interesse científico atual ( o que aparentemente soa paradoxal), como as de Hierão de Alexandria, Plínio, o Velho, Bernard Palissy, Agostino Ramelli, Leibniz, Bernhardt Riemann, Georg Cantor, Charles Lyell, James Clark Maxwell, Robert Boyle, Laplace, Hans Driesch, Louis de Broglie e tantos outros representantes da física, matemática, geologia, biologia, medicina e outras ciências, bem como das diversas técnicas. São leituras proveitosas dentro da tradição ocidental das ciências e de sua historiografia, mas certamente esta lista já vem sendo ampliada com traduções para o inglês (principalmente) de contribuições islâmicas, chinesas e outras.
Além de textos científicos e técnicos, a partir do século XX consolidou-se na Europa e na América do Norte (e posteriormente na Rússia, no Japão e outros países asiáticos, bem como na Austrália) uma nova dimensão de historiadores dedicados à História da Ciência e da Técnica, com ramificações pela Filosofia, Antropologia e Sociologia. A produção desse conhecimento chegou apenas em pequenas doses de traduções ao Brasil, envolvendo trabalhos principalmente de Alexandre Koyré, Karl Popper, Thomas Kuhn e Paul Feyerabend, devido ao seu maior apelo para um público não especializado. Merece ainda menção a coleção em 14 volumes da História Geral das Ciências, dirigida por René Taton, de caráter ao mesmo tempo enciclopédico e problematizante.
Foi preciso um empenho de acadêmicos universitários para a tradução de outros autores igualmente importantes, mas que não despertaram interesse nas editoras convencionais. Surgiram assim as coletâneas organizadas por Ruy Gama, História da Técnica e da Tecnologia (textos básicos) , com trabalhos fundamentais de Marc Bloch, Bertrand Gille, Lynn White Jr., Dirk van Struik, seguido por Ciência e Técnica (antologia de textos históricos), que inclui obras notáveis de Boris Hessen e William Barclay Parsons.
Na década de 1980 houve contribuições muito relevantes feitas pelo CLE – Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência, da UNICAMP, que nos Cadernos de História e Filosofia da Ciência apresentou traduções na íntegra de A cultura de Weimar, a Causalidade e a Teoria Quântica, 1918-1927, trabalho seminal de Paul Forman, Tratados Físicos, de Blaise Pascal, Tratado sobre a Luz, de Christiaan Huygens, e Salvar os Fenômenos, de Pierre Duhem. Essa revista trouxe também textos importantes de Hans Christian Oersted, Julius Robert Mayer e outros cientistas, bem como de historiadores e filósofos da ciência.
Com o crescente interesse público e de alunos pela História da Ciência e da Técnica, uma opção de acessibilidade a textos estrangeiros para alguns foi a ação muito mais dinâmica das editoras espanholas e portuguesas. Neste último caso, foi notável a “Colecção História e Filosofia da Ciência”, a cargo do Centro de História das Ciências da Universidade de Lisboa. Esta instituição traduziu livros de conhecidos historiadores como Helge Kragh, Richard Westfall, George Basalla, Edward Grant, Thomas Hankins, Allen Debus, John Hedley Brooke, Mario Biagioli, Yves Gingras e Kostas Gavroglu. Já obras em outras línguas, como francês, italiano ou alemão, tiveram escassos leitores no Brasil.
Como referido antes, a historiografia das ciências e técnicas no Brasil é pobre. Depois de 1950, data em que se começou a se intensificar internacionalmente sua produção, tem sido raramente objeto de interesse por parte das editoras brasileiras, especialmente as visões menos ortodoxas neste campo. Algumas exceções relevantes confirmam a regra, como De Arquimesdes a Einstein. A face oculta da invenção científica, de Pierre Thuillier, Os filósofos e as Máquinas, de Paolo Rossi, A invenção das coisas úteis, de Harry Petroski, A história química de uma vela, de Micahel Faraday, Das tripas coração, de Roy Porter. Em alguns casos há a surpresa de pequenas editoras apostarem em livros menos conhecidos, como História da Filosofia Natural. Do Mundo Antigo ao Século XIX, de Edward Grant, História das Invenções, de Trevor Williams, ou Terra plana, Galileu na prisão, e outros mitos sobre ciência e religião, de Ronald Numbers (org.).
Naturalmente, não se advoga que tudo seja traduzido. Afinal, só a revista Isis publica anualmente resenhas ensaísticas de centenas de livros de História das Ciências e Técnicas, e sua edição anual da produção no campo, a Current Bibliography, lista milhares de obras em uso nos principais países que dedicam atenção a tais assuntos. Há, contudo, uma quantidade de obras que, apesar de terem já alguns decênios, são de interesse permanente, pouco disponíveis nas bibliotecas e dificilmente obteníveis, legalmente ou não, nos pdfs eletrônicos. Refiro-me a trabalhos como Roots of Scientific Thought. A Cultural Perspective, de Philip Wiener e Aaron Noland (eds.), Scientific Change. Historical Studies in the intellectual, social and technical conditions for scientific discovery and technical invention, from antiquity to the present, de A.C. Crombie (ed.), Changing Perspectives in the History of Science, de Mikulás Teich e Robert Young (eds.), On the Threshold of Exact Science. Selected Writings on Late Medieval Natural Philosophy, de Anneliese Meyer, Technik. Eine Geschichte ihrer Probleme, de Friedrich Klemm, Histoire de la Science, de Maurice Daumas (ed.), ou os vários estudos fundacionais de George Sarton, que vão desde Ancient Science through the Golden Age of Greece até History of Science and the new Humanism. Livros como estes deveriam fazer parte das bibliotecas disponíveis para os estudiosos e profissionais de História da Ciência e da Técnica e mesmo dos leitores cultos em geral.
Esta revista tem envidado alguns esforços, ainda que modestos, para contribuir com o esforço da tradução de textos, como ocorreu desde o seu primeiro número. Assim foram traduzidos os textos “Sobre o problema da verdade e da compreensão em ciência”, de David Bohm (Khronos nº 1), “O mito do referencial”, de Karl Popper (Khronos nº 1), “O Pensamento Científico como Fenômeno Planetário”, de Vladimir Vernadsky (Khronos nº 4), “Tentativa de uma teoria da fricção dos fluidos”, de Leonhard Euler (Khronos nº 5), “As raízes sociais da ciência”, de Edgar Zilsel (Khronos nº 6), “Carta sobre as erupções do monte Vesúvio”, de George Berkeley (Khronos nº 9), “Calendários com exibição de Olimpíadas e previsão de eclipses no mecanismo de Anticítera”, de Tony Freeth et al. (Khronos nº 10), “Data final do Mecanismo de Anticítera”, de Christián Carman (Khronos nº 12).
As considerações anteriores servem como introito para a apresentação desta 14ª edição de Khronos que, em continuidade às preocupações descritas, traz aos leitores uma nova série de traduções. Isto está evidenciado na escolha da capa, relembrando o papel fundamental dos tradutores e comentadores islâmicos, que ajudaram a preservar e expandir o conhecimento científico grego antigo.
Inicialmente, em “Sobre o Estilo na História Intelectual”, o conhecido historiador da ciência norte-americano Lewis Pyenson propõe o reconhecimento das diferenças intrínsecas de motivação e metodologia para a Filosofia e a História. Em críticas argutas sobre o estruturalismo de Hayden White, Pyenson discorre sobre sua proposta de uma ferramenta intitulada “complementaridade histórica”, em que se consideram duas áreas distintas de atuação, buscando se há relacionamentos mútuos que melhor expliquem desenvolvimentos sociais, culturais e econômicos de uma dada época. Como exercício de aplicação da complementaridade histórica, elege elementos da pintura argentina contemporânea e da teoria do caos. Para acentuar as diferenças de enfoque entre Filosofia e História, o autor aborda e diferencia criticamente as obras de Ortega y Gasset, Reinhard Koselleck e Thomas Kuhn, acentuadas pelos contrastes entre Modernidade e Pós-modernidade, aprofundando uma discussão iniciada pelo historiador da ciência Paul Forman e valendo-se de interpretações de alguns conhecidos historiadores da arte. Seu longo ensaio termina com uma provocativa alusão à pertinência do amor para os historiadores.
De José Antonio de Freitas Sestelo e Jael Glauce da Fonseca temos a “Visão dos localistas sobre a cólera no século XIX: tradução do Comunicado do Conselho de Saúde do Reino da Baviera publicado em 1873”. Trata-se de um documento traduzido do alemão, expondo medidas consideradas úteis na profilaxia do cólera, por ocasião de um dos muitos surtos da doença na Europa e em outros continentes na segunda metade do século XIX. Os autores comentam o documento traduzido, que revela uma controvérsia muito viva na época, entre os que defendiam uma origem da moléstia localizada, como o faz o autor do Comunicado, e os que propunham uma visão baseada na teoria do contágio. Para os autores, o desconhecimento da etiologia microbiana do cólera (o vibrião seria descoberto mais tarde, em 1883-84, pela equipe de Robert Koch) não desqualifica o manifesto bávaro, uma vez que sua base humanista recomendava preceitos localistas que acabaram sendo incorporados posteriormente na Medicina Social, numa abordagem multicausal de epidemiologia.
George Berkeley publicou em 1744 Siris, um tratado medicinal sobre a água de alcatrão, no qual expõe sua visão metafísica sobre a famosa “cadeia do ser” aristotélica. Jaimir Conte fez a tradução dessa obra em conjunto com outra do mesmo autor (George Berkeley: Alciphron/Siris. São Paulo: Editora da UNESP, 2022). Como a obra de Berkeley fez sucesso e foi traduzida em outros países europeus, Conte nos apresenta em especial o “Prefácio à tradução francesa de Siris, de 1745”, que contém um bom resumo do original e uma defesa contra o pirronismo da época.
Completando esta edição temos algumas seleções de textos. Bernardo Ternus de Abreu, Rosemari Lorenz Martins e Caio Francisco Ternus de Abreu discutem o avanço no albor do século XVIII sobre o entendimento e tratamento do câncer. Em “De enfermidade sistêmica à enfermidade local: análise do estudo sobre a gênese dos tumores na obra de Claude Gendron (1701)”, eles mostram que esse importante médico francês se distanciou da tradição hipocrática-galênica dos humores corporais, sem no entanto dela se divorciar completamente. Aprofundando a compreensão da importância do sistema linfático no espalhamento do câncer, Gendron avançou no tratamento cirúrgico de alguns tipos de câncer. Os autores ressaltam que esses avanços científicos podem ser vistos não como súbitos cortes epistemológicos e sim como mantendo uma certa continuidade com os conhecimentos da época, em que o novo se junta ao existente num processo relativamente lento.
De Aline Pereira temos o artigo “A Companhia Geral de Eletricidade: da necessidade de geração de energia elétrica aos desafios enfrentados por pequenas concessionárias do setor energético”. Trata-se esta empresa de uma das muitas fornecedoras de eletricidade em nível local ou regional, criadas no Estado de São Paulo nos primeiros decênios do século XX. Essa companhia de 1939 foi pouco estudada e no presente texto mostra-se sua incapacidade de atender a demanda da
região servida e as dificuldades empresariais enfrentadas, como de resto aconteceu com outras na história da eletrificação paulista.
Hamilton Almeida é um destacado jornalista que na década de 1970 tomou a si a tarefa de estudar a vida de Roberto Landell de Moura, padre e físico experimental gaúcho, que no final do século XIX fez transmissões pioneiras de rádio sem fio em São Paulo, e cuja vida resultou em uma biografia – cf. Hamilton de Almeida, Padre Landell de Moura, um Herói sem Glória (Rio de Janeiro: Record, 2006). Padre Landell ofereceu sem êxito sua invenção ao governo brasileiro. Como é conhecido, o Brasil nunca se engajou em políticas de ciência e tecnologia de forma sustentável e, após a recusa e sem apoio para financiar seus experimentos, Landell de Moura foi morar nos EUA, onde patenteou suas invenções. Hamilton Almeida fez novas pesquisas com base nessas patentes, de que resultou o texto que fecha esta edição, “Padre Landell: o autor das primeiras transmissões de voz e música por ondas de rádio do mundo”.
Desejo aos leitores que estes acontecimentos do passado possam inspirar o desejo de conhecer mais da história da ciência e da técnica, e que os textos aqui
reunidos ensejem uma leitura agradável.
Gildo Magalhães
Editor
Leia na íntegra: https://www.revistas.usp.br/khronos/issue/view/12768/2504
n. 13 (2022)
Intelligere, Revista de História Intelectual é um periódico científico semestral, eletrônico, trilíngue (português, espanhol e inglês) dedicado aos estudos de História Intelectual e História das Ideias.
Intelligere publica artigos originais, entrevistas, resenhas de livros, notícias de pesquisa em andamento, traduções e fontes documentais relevantes para a história intelectual.
Revista de acesso livre, Intelligere, com o apoio da Universidade de São Paulo, assume todos os custos pelo processamento e publicação dos artigos, sem qualquer custo para autores e leitores.
Leia na íntegra: https://www.revistas.
Entre 1800 e a independência, várias iniciativas siderúrgicas são estabelecidas em Portugal, em São Paulo e em Minas Gerais, além de fundições em algumas capitais, para atender demandas da mineração, da agricultura, da indústria do açúcar e dos arsenais. A documentação existente permite perceber as dificuldades técnicas, logísticas e mercadológicas da implantação dos empreendimentos de maior escala (apesar da significativa importação de mão de obra especializada estrangeira) e a rápida expansão dos empreendimentos menores, copiando e adaptando diversas técnicas introduzidas em Minas no período.
Expositor: Fernando Landgraf (POLI-USP e IPT)
Mediador: Gildo Magalhães dos Santos (CHC e IEA-USP)
Inscrições: Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização: Grupos de Pesquisa Khronos: História da Ciência, Epistemologia e Medicina e CHC - Centro Interunidade de História da Ciência
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo
A Missão Militar Francesa de instrução junto ao Exército Brasileiro tinha por objetivo a modernização da força terrestre. O governo brasileiro, ciente da necessidade de equipar a força de terra, resolveu profissionalizar e instruir o quadro de militares do Exército, por intermédio de uma missão militar. Os oficiais franceses, a partir do acordo bilateral com o Brasil, instruíram a formação de alunos, criaram escolas, venderam armamentos e modificaram a doutrina militar brasileira.
Expositora: Adriana Iop Bellintani (ITA)
Mediação: Gildo Magalhães dos Santos (CHC e IEA-USP)
Inscrições: Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização: Grupo de Pesquisa Khronos: História da Ciência, Epistemologia e Medicina e Centro Interunidades História da Ciência
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo
Os textos que integram o número 13 da revista Khronos, do Centro de História da Ciência, da Universidade de São Paulo, são bastante variados e se iniciam com o resultado de pesquisas cuidadosas de Fernando Landgraf e Pau- lo Araújo sobre o ferro produzido na famosa Fábrica de Ferro de Ipanema no século XIX. Localizada em Iperó, no interior do Estado de São Paulo, essa fábrica tem um lugar destacado na história da técnica no Brasil, pois que nela trabalharam Varnhagen e outros pioneiros da siderurgia nacional. O patrimô- nio histórico considerável das instalações não recebeu, todavia, a preservação merecida. Felizmente trabalhos como o que apresentamos, que empregou re- cursos modernos de arqueometalurgia e espectroscopia com microscópio de varredura eletrônica, permitem estudar aspectos técnicos que revelam detalhes da memória da ciência e da técnica, cujos conhecimentos se perderam na incú- ria do desleixo com a preservação da história. Realiza-se assim a recomendação de Pierre Thuillier (em De Arquimedes a Einstein): “Parece, finalmente, que os historiadores da ciência não devem hesitar, em alguns casos, em se transfor- mar, eles mesmos, em experimentadores (e então a ajuda dos próprios cientis- tas lhes será altamente aconselhável)” – os resultados são, como no presente caso, ricos e despertam novas questões.
Acredito que as invenções não têm uma paternidade absolutamente atribuível e verificável, pois o que se costuma chamar de inventor geralmente é alguém que melhorou de forma decisiva aquilo que outros antes produziram ao longo de várias gerações, por vezes perfazendo uma longa duração, acrescen- tando de pouco em pouco vários aperfeiçoamentos. Assim, a história da ciên- cia não pode colocar Galileu como o inventor do telescópio, mas sim como a pessoa que colocou em relevância o instrumento que lhe deu notoriedade. Da mesma forma, Newton promoveu o telescópio refletor anos depois das obser- vações de Galileu com seu telescópio de refração. Rafael Dall’Olio retoma es- ses desenvolvimentos, acrescentando o papel fundamental e muitas vezes su- bestimado de Kepler com seu tratado de óptica, que permitiu estudar as lentes, abrindo caminho para os aperfeiçoamentos seguintes aos instrumentos dos citados protagonistas.
Apesar da ampla literatura que trata da presença dos jesuítas nas colô- nias portuguesas, é pouco conhecida sua atuação na cura de ferimentos e do- enças. Embora não fosse médico, José de Anchieta viu-se levado a usar de seus conhecimentos terapêuticos gerais para tratar de portugueses e índios ao chegar na capitania de São Vicente. Edson Pereira narra como os inacianos improvisaram os tratamentos de doenças diversas, inclusive a forte epidemia de varíola na metade do século XVI, apelando até para procedimentos como a sangria, que na época levantava dúvidas de origem religiosa. Socorrendo-se também de informações de plantas e substâncias usadas pelos indígenas, o rela- tivo sucesso dos jesuítas foi um fator que contribuiu para a causa missionária.
Quase dois séculos depois, algo semelhante ocorreria com o jesuíta Afonso da Costa em Goa, como relata o aprofundado texto de Vitória Mar- chetto. Trazendo em sua formação as bases das teorias europeias de fundo hipocrático-galênico em uso no início do século XVIII, os jesuítas aportavam também uma bagagem de conhecimentos adquiridos nas colônias portuguesas da África e do Brasil, e Afonso da Costa não hesitou em incorporar a estes alguns elementos indianos contidos na tradição milenar do ayurveda, e a efetivi- dade dos seus procedimentos médico-farmacêuticos ampliou o alcance de sua ação religiosa, como acontecera com Anchieta no Brasil. A autora examina o receituário contido na obra Árvore da vida, de Costa, propondo que a divulgação de conhecimentos ultramarinos influenciou a ciência europeia, tornando mais complexa a questão de difusão dos conhecimentos.
O mecanicismo foi lentamente elaborado em paralelo com a progressi- va matematização da natureza, principalmente após os trabalhos de Galileu, Descartes e Gassendi no século XVII. A aplicação de ideias de mecanismo para além da física invadiu a química e aquilo que se tornou mais tarde a biolo- gia, o que não causa surpresa pois eram todas pertencentes à filosofia natural. No entanto, a extensão aos seres vivos sempre foi problemática, estando ainda hoje em disputa. No século XVIII, as ponderações de Leibniz a esse respeito ressoavam ainda fortemente, como seria também o caso das ideias posteriores de Kant. A história da embriologia registra como as concepções de geração e desenvolvimento de novos seres vivos dependiam de se adotar ou não uma filiação mecanicista. As exibições dos autômatos do célebre Vaucanson faziam sucesso exatamente porque simulavam corpos vivos, graças ao progresso atin- gido pelos mecanismos. Simone Guimarães e Maria Elice de Brzezinski Prestes apresentam em seu texto uma apreciação da obra de Julien de La Mettrie, O homem-máquina, que endossa a visão mecanicista na França iluminista, e procura problematizar o reducionismo de sua proposta.
A posição de Charles Darwin com relação ao racismo tem sido objeto de polêmicas. Por um lado, em sua obra A origem do homem e a seleção sexual, al- guns apontam uma ideologia racista do autor, que apela para a suposta superio- ridade do homem branco, em relação aos povos colonizados pela coroa britâ- nica. Por outro lado, Darwin registrou em seus diários na viagem com o navio Beagle o que presenciou no Brasil, ou seja, vários episódios de negros escravi- zados sendo maltratados com uma certa naturalidade pelos seus senhores. Este é o tema do artigo de Marcos Josephino, que relata como tais cenas horroriza- ram Darwin, mas que apesar de testemunha da crueldade dos senhores, não o levaram a se engajar em prol do abolicionismo, depois de sua volta à Inglaterra.
Finalizando a edição temos um ensaio sobre como usar o computador para discutir um problema milenar da história e filosofia da matemática: a ma- temática está em tudo? As contribuições essenciais do século XX sobre fractais e teoria do caos mostraram que sob a aparência da desordem podem surgir ordem e complexidade. Paulo Castro, do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade de Lisboa, propõe o uso pedagógico de programas de computa- dor facilmente acessíveis com a finalidade de levar os estudantes a refletir sobre temas dessa natureza.
Os trabalhos incluídos na presente edição ilustram a importância da história da ciência para uma melhor compreensão do processo evolutivo do conhecimento humano, assim como a valorização da ciência é um imperativo para vencer o desnível material e cultural de uma nação, fatores que costumam ser relegados pelos políticos, até mesmo em momentos de eleições, mas prin- cipalmente na prática de seus mandatos.
Desejamos aos nossos leitores uma proveitosa e prazerosa leitura.
Gildo Magalhães - Editor
Leia na íntegra: https://www.revistas.
São apresentadas as origens da eletrodinâmica de Weber e a força de Ampère entre elementos de corrente. A força de Lorentz é comparada com a força de Weber. Discute-se o modelo planetário de Weber para o átomo. São discutidas algumas experiências modernas e desenvolvimentos teóricos recentes relacionados com a eletrodinâmica de Weber.
Expositor: André K. T. Assis (Unicamp)
Moderador: Gildo Magalhães dos Santos (CHC e IEA-USP)
Inscrições: Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização: Grupo de Pesquisa Khronos: História da Ciência, Epistemologia e Medicina e CHC - Centro Interunidades História da Ciência
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo