A história das ciências é importante para o aprendizado de estudantes? Esta questão já me foi direcionada inúmeras vezes, feita de uma forma que
demonstra a expectativa e uma resposta taxativa, sim ou não, acompanhada de uma espécie de „certificado de garantia‟. Entretanto, em geral me limito a responder depende, o que pode ser um pouco decepcionante à primeira vista. Contudo, nestes momentos convido a uma reflexão sobre por que esta questão envolve diversos fatores, o que nos permite discutir não apenas o papel da história das ciências nas aprendizagens de estudantes, mas também na sociedade em que vivemos, levando-nos a pensar sobre o papel da escola nos dias atuais. Assim, inspirado nestes debates, este ensaio busca cumprir dois objetivos principais: i) mostrar que existem diferentes respostas possíveis à questão que abre este texto e apontar para alguns cuidados que devemos ter quando desenvolvemos propostas educacionais com base na história das ciências; ii) defender que a história das ciências deve assumir novos papéis frente a desafios sociais atuais. Para isso, o texto se organiza em três partes. A partir de reflexões que tomam como base teorias de currículo e historiografia das ciências, busco demonstrar uma pluralidade de papéis para a história das ciências no ensino. A segunda parte aprofunda questões políticas envolvidas no debate e faz um recuo para apresentar uma leitura de nosso tempo a partir do reconhecimento de uma crise da modernidade. Por fim, retorno ao debate sobre o papel político-educacional da história das ciências tomando como referência a crise apresentada.

Autor: Ivã Gurgel ( Professor do Instituto de Física e membro do Centro de História da Ciência da USP).

https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/issue/view/3062

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